Encantada história de Rubem Alves...

"A pipa e a flor"

Era uma vez uma pipa.
O menino que a fez estava alegre e imaginou que a pipa também estaria. Por isso fez nela uma cara risonha, colando tiras de papel de seda vermelho: dois olhos, um nariz, uma boca...
Ô pipa boa: levinha, travessa, subia alto...
Gostava de brincar com o perigo, vivia zombando dos fios e dos galhos das árvores.
- “Vocês não me pegam, vocês não me pegam...”
E enquanto ria sacudia o rabo em desafio.
Chegou até a rasgar o papel, num galho que foi mais rápido, mas o menino consertou, colando um remendo da mesma cor.
Mas aconteceu que num dia, ela estava começando a subir, correndo de um lado para o outro no vento, olhou para baixo e viu, lá num quintal, uma flor. Ela já havia visto muitas flores. Só que desta vez os seus olhos e os olhos da flor se encontraram, e ela sentiu uma coisa estranha. Não, não era a beleza da flor. Já vira outras, mais belas. Eram os olhos...
Quem não entende pensa que todos os olhos são parecidos, só diferentes na cor. Mas não é assim. Há olhos que agradam, acariciam a gente como se fossem mãos. Outros dão medo, ameaçam, acusam, quando a gente se percebe encarados por eles, dá um arrepio ruim elo corpo. Tem também os olhos que colam, hipnotizam, enfeitiçam...
Ah! Você não sabe o que é enfeitiçar?!
Enfeitiçar é virar a gente pelo avesso: as coisas boas ficam escondidas, não têm permissão para aparecer; e as coisas ruins começam a sair. Todo mundo é uma mistura de coisas boas e ruins; às vezes a gente está sorrindo, às vezes a gente está de cara feia. Mas o enfeitiçado fica sendo uma coisa só...
Pois é, o enfeitiçado não pode mais fazer o que ele quer, fica esquecido de quem ele era...
A pipa ficou enfeitiçada. Não mais queria ser pipa. Só queria ser uma coisa: fazer o que a florzinha quisesse. Ah! Ela era tão maravilhosa! Que felicidade se pudesse ficar de mãos dadas com ela, pelo resto dos seus dias...
E assim, resolver mudar de dono. Aproveitando-se de um vento forte, deu um puxão repentino na linha, ela arrebentou e a pipa foi cair, devagarzinho, ao lado da flor.
E deu a sua linha para ela segurar. Ela segurou forte.
Agora, sua linha nas mãos da flor, a pipa pensou que voar seria muito mais gostoso. Lá de cima conversaria com ela, e ao voltar lhe contaria estórias para que ela dormisse. E ela pediu:
- “Florzinha, me solta...” E a florzinha soltou.
A pipa subiu bem alto e seu coração bateu feliz. Quando se está lá no alto é bom saber que há alguém esperando, lá embaixo.
Mas a flor, aqui de baixo, percebeu que estava ficando triste. Não, não é que estivesse triste. Estava ficando com raiva. Que injustiça que a pipa pudesse voar tão alto, e ela tivesse de ficar plantada no não. E teve inveja da pipa.
Tinha raiva ao ver a felicidade da pipa, longe dela... Tinha raiva quando via as pipas lá em cima, tagarelando entre si. E ela flor, sozinha, deixada de fora.
- “Se a pipa me amasse de verdade não poderia estar feliz lá em cima, longe de mim. Ficaria o tempo todo aqui comigo...”
E à inveja juntou-se o ciúme.
Inveja é ficar infeliz vendo as coisas bonitas e boas que os outros têm, e nós não. Ciúme é a dor que dá quando a gente imagina a felicidade do outro, sem que a gente esteja com ele.
E a flor começou a ficar malvada. Ficava emburrada quando a pipa chegava. Exigia explicações de tudo. E a pipa começou a ter medo de ficar feliz, pois sabia que isto faria a flor sofrer.
E a flor aos poucos foi encurtando a linha. A pipa não podia mais voar.
Via ali do baixinho, de sobre o quintal (esta essa toda a distância que a flor lhe permitia voar) as pipas lá em cima... E sua boca foi ficando triste. E percebeu que já não gostava tanto da flor, como no início...
Essa história não terminou. Está acontecendo bem agora, em algum lugar... E há três jeitos de escrever o seu fim. Você é que vai escolher.
Primeiro: A pipa ficou tão triste que resolveu nunca mais voar.
- “Não vou te incomodar com os meus risos, Flor, mas também não vou te dar a alegria do meu sorriso”.
E assim ficou amarrada junto à flor, mas mais longe dela do que nunca, porque o seu coração estava em sonhos de vôos e nos risos de outros tempos.
Segundo: A flor, na verdade, era uma borboleta que uma bruxa má havia enfeitiçado e condenado a ficar fincada no chão. O feitiço só se quebraria no dia em que ela fosse capaz de dizer não à sua inveja e ao seu ciúme, e se sentisse feliz com a felicidade dos outros. E aconteceu que um dia, vendo a pipa voar, ela se esqueceu de si mesma por um instante e ficou feliz ao ver a felicidade da pipa. Quando isso aconteceu, o feitiço se quebrou, e ela voou, agora como borboleta, para o alto, e os dois, pipa e borboleta, puderam brincar juntos...
Terceiro: a pipa percebeu que havia mais alegria na liberdade de antigamente que nos abraços da flor. Porque aqueles eram abraços que amarravam. E assim, num dia de grande ventania, e se valendo de uma distração da flor, arrebentou a linha, e foi em busca de uma outra mão que ficasse feliz vendo-a voar nas alturas.
Rubem Alves


Ana Carolina - Coisas (Lyric Video)

Nooossa...Pensar, sentir, viver! Não apenas sobreviver... É preciso acreditar, Sonhar, Ousar!! Belo texto... Bela mensagem...

Pensar é transgredir...

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
 Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido. Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: "Parar pra pensar, nem pensar!"
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação. Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se. Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.
Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem. 
Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas, mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.


Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.
                                                                 Lya Luft

Adele - "Hello" A canção "Hello" - Tem a mesma sintonia com as canções de seus trabalhos anteriores: a sua potente voz, nossa...uma letra arrebatadora que faz doer a alma...


Show, show show!!! 
O clipe - monocromático - da música é dirigido por Xavier Dolan e foi gravado no Canadá. Nele, Adele aparece mais magra e contracena com Mack Wilds. "Hello" fala sobre o reencontro de um amor passado e faz parte do novo álbum da cantora britânica.
A voz da cantora troveja, assentada confortavelmente alternada por arranjos minimalistas. Cordas são ouvidas ao fundo nos versos mais serenos, enquanto pratos anunciam as chegadas dos momentos mais explosivos. Ainda assim, Adele não perdeu o vazio no peito que fez dela quem é... Bola pra frente!!
                                                                                      Sandra Senna

                                                                                                        

"Uma gota no oceano" - NX Zero - Sempre gostei dessa banda pelo seu trabalho embasado em letras com mensagens inteligentes e positivas e profundidade plural... além de apresentar uma nova vertente do quinteto, que agora ganha um novo estilo e passa a agregar uma influência de rap ao seu rock melódico, ao meu ver, dentre outras bandas algo de uma singularidade tamanha!



“Uma gota no oceano ou um simples grão de areia podem mudar tudo reescrever a história, transformar dor em glória em um segundo”
Amei a letra desse grupo que sempre admirei por suas letras inteligentes de cunho social, humanístico e universal! Uma gota faz sim toda a diferença! ela transforma dor em glória, ou seja, nós fazemos a diferença, não por que somos bons, mas por que servimos a um Deus bom! Mesmo no meio das trevas nossa luz brilha!! Parabéns aos meninos dessa banda, a qual já interpretei uma de suas composições e sempre acompanhei o seu trabalho de perto!!
Nunca tinha parado pra pensar que ter medo seria uma escolha, quando me dei conta disso percebi  isso mesmo!!  quando escolhemos ter medo, ao mesmo tempo escolhemos não amar... Que letra hein??
                                                                                                     Sandra Senna
Canção na plenitude
Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele
translúcida há muito se manchou.
Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura
agrandada pelos anos e o peso dos fardos
bons ou ruins.
(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)
O que te posso dar é mais que tudo
o que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir
quando em outros tempos choraria,
busca te agradar
quando antigamente quereria
apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza
e juventude agora: esses dourados anos
me ensinaram a amar melhor, com mais paciência
e não menos ardor, a entender-te
se precisas, a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar: um mar antigo e confiável
cujas marés — mesmo se fogem — retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias. 
Lya Luft
O texto acima foi extraído do livro "Secreta Mirada", Editora Mandarim - São Paulo, 1997, pág. 151.


Quando você estiver assistindo a um filme e a trilha-sonora despertar algo em seu íntimo, como se o impulsionasse a fazer algo grandioso, desconfie que o artista por trás dela é Hans Zimmer. Esse músico extremamente talentoso é o autor das trilhas de O Rei Leão, O Último Samurai, Gladiador, Falcão Negro em Perigo, Pearl Harbor e Conduzindo Miss Daisy, entre várias outras. Todos seus trabalhos têm um “algo a mais” que é difícil de explicar com palavras. A trilha sonora escolhida é “Now We Are Free”.Uma linda e triste canção. Esta música absurdamente forte foi composta em parceria com a excelente Lisa Gerrard. Uma música de ritmo pesado e sons sutis que vão adquirindo volume, se combinando, fazendo com que a melodia ganhe forma e força, para depois se contrair novamente, num pulsar calmo, como a passagem do tempo. Ouvi-la com calma, prestando atenção em todos seus detalhes, é uma experiência e tanto. Conta com uma notável participação de vocais, o que é algo raro para as músicas de Zimmer, que geralmente são instrumentais. Ela contém toda a emoção e tranqüilidade. Indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora e vencedor do Globo de Ouro na mesma categoria.
Editado: http://mundoestranho.abril.com.br/blogs/turma-do-fundao/tag/a-origem/

Mais uma dica de filme arte uma raridade em tempos atuais

Uma bela surpresa: um fascinante filme, uma mistura de thriller e romance, com uma trama perfeita, complexa, intrigante, atualíssima, no meio dessa trama intrincada, uma belíssima história de amor, um amor impossível... Um filme com recursos para causar o devido efeito. Como acima de tudo, em cenas delicadas de amor que oscilam ao sexo realisticamente projetado sem ser apelativo, espetacular, de pura poesia, romântico, sensível ao invés de óbvio... Cenas tomadas por uma gama de ângulos perfeitos da câmera discreta, não há nada sequer que chegue perto dos quase-pornô desse grande roteirista Joe Eszterhas, quando desfila também com leveza por lindas paisagens em Bruxelas e Moscou com os cuidados de uma direção de fotografia meticulosa que faz desse longa um filme bem cuidado e bonito.
Tem o ritmo, o tom, o gosto de espionagem, de guerra fria, disputas de agências de inteligência de Estados Unidos e Europa versus Rússia – só que passado nos dias de hoje, e com a ação acontecendo em torno das operações financeiras do mundo globalizado.
Em minha opinião de fã, é aquele filme artesanalmente perfeito, todos os quesitos técnicos bem cuidadíssimos. Mas o que mais impressionou de fato foi a bela trama, um paralelo interessante com política russa dos últimos anos, funciona como pano de fundo adequado para mostrar um romance carregado de sensualidade e marcado de contradições, qualidade essa, extinta em produções que já faz um bom tempo!
Afff... o ator Jean Dunjardin, um “Deus Grego” da terra! Rsrsrs...que  interpretação! Para mim esse cara não apenas regeu a orquestra com maestria, mas também escreveu toda a partitura. Cécile de France também lindíssima e soberba, sua também interpretação simplesmente brilhante!!!
                                                                                                                           Sandra Senna




“O problema da ciência é que o grau de sua objetividade para se chegar a determinadas “verdades” é similar ao de questionamentos fechados: é A ou B. Limitando-se a uma resposta específica e restringindo o campo perceptivo que de enxergar outras possibilidades.
Vivemos num mundo que sequer conhecemos a sua totalidade. Somos o NADA em meio ao TUDO, enquanto queremos ser o TUDO em meio ao NADA”.
Para ser sincera, não poderia deixar de externalizar o que senti ao assistir a este filme, e aqui compartilho com você leitor visitante para que possa se interessar em assisti-lo. Leia o meu comentário abaixo e analise se vale a pena!! Caso o faça não esqueça da pipoca vlw?

Então, uma história conduzida com maestria. Um dos filmes mais completos que assisti! O filme permite reflexão de vida, a importância de encontros com pessoas que não nos deixam desistir de viver e nos encorajam para a vida!  “A teoria de tudo” é uma história extraordinária e edificante de uma das maiores mentes vivas do mundo, o renomado astrofísico Stephen Hawking, e de duas pessoas desafiando as mais profundas adversidades através do amor. Esse filme autobiográfico nos leva a vida de Stephen Hawking ao longo de 2 horas de forma sensível, tocante e com imagens que não saem da nossa cabeça.  Impecável atuação de Eddie Redmayne, atuando através de gestos e olhares, passando toda mensagem do filme e ainda por cima com toques bem-humorados. No mais, o roteiro muito bem escrito e amarrado juntamente com uma fotografia excelente deixa um filme bom demais de se ver, podendo-se captar a pura mensagem de uma vida cheia de adversidades e encantos... Vale ressaltar aqui também grande destaque para a atuação de Felicity Jones.
Fala de amor, senso de humor, inteligência, respeito, resiliência, coragem, gratidão, motivação, esperança realidade, fé, amor, ternura, escolha, renúncia, resignação, felicidade construída a cada dia... até que ponto um amor pode resistir a tantas provações e dificuldades? O filme é lindo, nele tudo é tratado com sutileza, alegria e leveza, características impossíveis de serem encontradas em um filme que relata a vida de uma pessoa com tantas restrições físicas, realmente é uma lição de vida!
Stephen teve descobertas brilhantes no campo da física e da cosmologia,  irá descobrir que os limites não existem quando estamos dispostos a fazer valer o tempo do qual dispomos. Um homem que se sente realizado num trabalho de criação, seja artística, filosófica ou científica, tem condições de transcender suas mesquinharias e amar de verdade e agradecer com um olhar profundo tudo o que ela (sua esposa) tinha feito por ele. Ela permitiu que ele vivesse e, graças a ela, a humanidade não perdeu uma mente brilhante... Um bom filme até para o espectador comum, que já deve estar cansado de ver violência e de filmes pseudoartísticos. Super recomendo a qualquer pessoa que gosta da arte do cinema.

"A teoria de tudo"  é tanto sobre a física do amor, quanto sobre o amor à física."
                                                                                  Sandra Senna
Entre um rosto e um retrato, o real e o abstrato
Entre a loucura e a lucidez
Entre o uniforme e a nudez
Entre o fim do mundo e o fim do mês
Entre a verdade e o rock inglês
Entre os outros e vocês

Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão

Entre mortos e feridos, entre gritos e gemidos
(A mentira e a verdade, a solidão e a cidade)
Entre um copo e outro da mesma bebida
Entre tantos corpos com a mesma ferida

Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui
Que não passa de ilusão

Entre americanos e soviéticos, gregos e troianos
Entra ano e sai ano, sempre os mesmos planos
Entre a minha boca e a tua, há tanto tempo, há tantos planos
Mas eu nunca sei pra onde vamos

A Revolta Dos Dândis I
Eu me sinto um estrangeiro
Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui

Que não passa de ilusão

Realmente um passageiro existencialista...
Achei pertinente abaixo a análise da letra feito por um fã.

Trata-se de uma das melhores obras de uma das melhores bandas do Mundo. Engenheiros do Hawaii têm uma longa trajetória de grandes sucessos, e músicas recheadas de significados, referências histórias e literárias, e até filosóficas.
Em "A Revolta dos Dândis", do disco homônimo de 1987, não foi diferente. A música faz referência ao livro de Alberto Camus, "O Passageiro", escritor e filósofo existencialista franco-argelino. A letra sempre deixa transparecer a indecisão, sempre a idéia de estar entre dois pontos. "Entre um rosto e um retrato, o real e o abstrato, entre a loucura e a lucidez, entre o uniforme e a nudez". Também o existencialismo em "Eu me sinto um estrangeiro, passageiro de algum trem, que não passa por aqui, que não passa de ilusão".
Consolidou a carreira da banda em nível nacional, com um álbum tão bom quanto o primeiro (no qual constavam sucessos como "Toda forma de poder" e "Longe demais das capitais"), com a formação original, tendo na line-up Humberto Gessinger, Carlos Maltz e Augusto.
Gessinger nessa música fala dos Dândis, que são cavalheiros por sua essência e não porque são advindos da nobreza, são até meio sem emoções. Hoje o termo Dândi é usado pejorativamente, mas no passado não, pois eram pessoas que além de ligados a aparência impecável eram diferenciadas, cultas.
Aliás, um trecho da música deixa claro o que Gessinger quer passar: (…)”Eu me sinto um estrangeiro Passageiro de algum trem
Que não passa por aqui Que não passa de ilusão”(…)
Notem: Um estrangeiro, alguém que não combina com o mundo que vive, tanto é que Albert Camus, filósofo que era um dândi, escreveu a obra "O estrangeiro" (Gessinger claramente se diz fã de Camus),




Que sejamos doces...


"Quero meus amigos de verdade sempre perto. Minha família sempre ao lado. Gente boa me rodeando. O resto eu não quero. Gente que suga o que só quer, que não sabe ouvir, que tem inveja, que não sabe rir de si mesma. Não quero isso na minha vida. Eu quero claridade, entende? Gente clara, transparente. Que pisa na bola, mas entende, volta atrás, se assume."  — Clarissa Corrêa.

O timbre raro do violoncelo me encanta...pura magia...

KRISTINA REIKO COOPER
O violoncelista encantadora Kristina Reiko Cooper ganhou muitos elogios por seu versatilidade musical, seu virtuosismo, a sua presença e seu estágio carismático intensidade apaixonada. Ela encontrou grande sucesso em inúmeras formas de mídia, a partir de seu best-seller DVDs e CDs, a televisão e performances comerciais, capas de revistas, anúncios de impressão de moda e até mesmo sua própria revista coluna.
Embora bem conhecida para atravessar gêneros musicais, ela estabeleceu o seu primeiro carreira como um artista clássico. Aclamado pelo New York Times como "sensacional em show "e como um" virtuoso impressionante "pelo Los Angeles Times, Kristina tem como solista e camerista em muitos países do mundo de maior estágios distintos. Ela tem sido o solista com tal conceituado orquestras como a Orquestra de Câmara de Praga, a Sinfónica de Toronto e a Osaka Symphony e excursionou extensivamente com a Orquestra Yomiuri Tóquio.
Kristina também é bem conhecida por sua ousadia e como um entusiasta de novo, popular e contemporânea obras. Ela teve muitos trabalhos originais escritos e encomendou especificamente para ela. Entre as composições inovadoras que Kristina estreou são de Phillip Glass O som de uma voz, Roberto Sierra de Sonata para Violoncelo e Piano, na Europa, de Mario Davidovsky Concerto para Violoncelo e nos Estados Unidos, de Tigran Mansurian Cello Concerto # 2. No verão de 2008.
Kristina tem uma extensa discografia de gravações de CD e DVD, incluindo muitos best-sellers. Ela já lançou mais de duas dezenas de gravações para Arabesco, Pony Canyon Records, Helicon Records, Linus Records e CP2, e 5 DVDs para Fuji Records. Ela foi destaque no Quartetto amplamente difundidos Gelato-A Concert in Wine Country, e recentemente lançou um DVD recital solo através do Amadeus Press. Kristina foi ouvido muitas vezes na National Public Radio, a Canadian Broadcasting Corporation, NHK, no Japão, na Coréia do KBS, WNYC WQXR e em Nova York, assim como em transmissões de televisão para a CNN, PBS, CBC Television, da CBS 60 Minutes, nacional de televisão chinesa, KBS TV na Coréia, Fuji Television e NHK TV no ​​Japão.


"Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: Amor no coração e sorriso nos lábios" 

                                                                                                   Martin Luther King
O beijo é o único gesto que não admite teoria…   (Samuel Ross)
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"O amor torna possível o paradoxo de que dois pode ser um, sem deixar de ser dois"
“A arte é a contemplação: é o prazer do espírito que penetra a Natureza e descobre que ela também tem uma Alma. É a missão mais sublime do homem, pois é o exercício do pensamento que procura compreender o Universo, e fazer com que os outros o compreendam.” 

                                                                                      (Auguste Rodin)

Instrumentos Afinados Transformam o Eco no Universo

universo acordes Instrumentos Afinados Transformam o Eco no Universo
Instrumentos afinados transformam o eco no universo onde criamos aceitação pela repercussão do som em nossa vida, pense em quem você escolhe para ficar perto: alguém que grita, que esbraveja, que seja duro e cruel, ou, prefere alguém que te aceita, que ouça suas ideias, que participe do seu desenvolvimento, construindo e fortalecendo as relações no propósito que nutre o avanço e bem estar.
Somos tal qual um instrumento a ser afinados na vida e quando nos permitimos, ressoamos acordes em nosso ser emitindo a todos que nos tocam, encantando, louvando a vida, louvando o som agradável com sentimentos de beleza nessa troca ofertada, onde presenteamos as pessoas, as coisas em nosso caminho, possibilitando a sintonia que contribui para que a ordem e o progresso se estabeleçam em nosso mundo.
Estar afinados em nós é aceitar nossa vida, nossa real-idade, nosso real momento, encarando cada situação como lição apresentada e precisa para o nosso desenvolvimento, não adiando ou pulando as etapas indispensáveis em nosso processo.
Encarar o mau que se apresenta como forma necessária para distinguir diante do conhecimento que nos permite desenvolver a inteligência, nos apresentando as diferenças apenas para que possamos observar e refletir e não para temermos o mau ou tê-lo como opção de escolha, e sim para desenvolvermos a capacidade de avaliar as coisas com bom senso e clareza, apontando para as opções que se apresentam em nosso caminho.
Quando nos tornamos receptivos à experiência, podemos entender e transformar as dificuldades, utilizando da prática que nos leva a adquirir habilidades percebendo por meio dos sentidos a verdadeira sensação do bem, cientes que este se faz para ser compartilhado com todos que estejam a nossa volta.
E se isso não ocorre, impedindo-nos de compartilhar, apontando para o vazio onde já deixou de ser bom, uma vez que o bem se faz na participação, ofertando sempre ao maior número de pessoas, ou então, é apenas uma conquista aparente do ego que geralmente torna-se prejudicial para o nosso desenvolvimento em relação ao todo e consequentemente, nos leva a temer a perda e então criamos o apego.
instrumento musical Instrumentos Afinados Transformam o Eco no UniversoQuanto mais vivemos, mais podemos permitir esta interação com a nossa Alma, que nos conduz sempre ao caminho da realização que desenvolve nossa disposição de espírito na troca do nosso melhor e com isso deixamos ecoar o som claro e harmonioso manifestando os milagres da vida que engrandecem nosso universo de luz e magia a favor do bem planetário a partir de nós.
Ao nos envolver com esta energia do bem, diminuímos as distâncias e encurtamos os caminhos da dificuldade, permitindo que a ordem do Universo nos afine tal qual um instrumento subtraindo nossas dúvidas, nossas inquietações morais, nossa relutância, nossa repugnância que gera antipatia e a inquietação espiritual.
Um instrumento afinado nas mãos do bom músico encanta o mundo, faz milagres acontecer e eleva o bem que toca os mais diversos pontos de cura, trazendo conhecimento, gerando sabedoria, cooperando com as fontes amorosas dentro de nosso ser, emanando por todo nosso planeta.
Permita-se ser um instrumento em afinação diária com nosso Criador, com a fonte da vida que flui diariamente em cada um de nós, fluindo em tudo o que tem vida, na essência que existe neste movimento onde todos nós estamos mergulhados e que nos torna um com nosso universo nos fazendo feliz.
Agora deixe aqui seu comentário concedendo o fluxo das suas palavras através deste conjunto de ações e relações que podemos participar, através deste universo da comunicação contribuindo para nossa afinação.
Texto escrito por Vera Luz

Dica de filme

Apesar de longo, gostei bastante, Filmaço, mas não é para um público acostumado apenas com cinema-pipoca. Para quem for assistir, aconselho levar o cérebro junto.
O filme parte do princípio da existência do carma e da reencarnação para contar uma história sobre como os atos individuais conduzem o destino do mundo e até do universo. Mas o que mais chamou a minha atenção é o olhar que a película lança sobre a natureza do mal mostrando-o em suas várias formas: o assassino, o falso amigo, a vaidade, o sadismo, a barbárie, o totalitarismo - o mal como inimigo eterno da liberdade e do amor. Faz pensar no sentido da existência e no destino da humanidade; coisa rara na Hollywood adolescente de hoje. 
Provoca reflexões profundas acerca de nossa responsabilidade com a vida, e não se trata de uma questão de crença, mas de valores, que transcende qualquer questão religiosa. Espero que as pessoas consigam abstrair a grandiosa mensagem deste filme, pois infelizmente a humanidade vem sendo estimulada no sentido de permanecer nadando num mar raso e largo, qualquer coisa que demande mais de dois neurônios é considerada chata. Recomendo.


“As possibilidades perdidas”

Fiquei sabendo que um poeta mineiro que eu não conhecia, chamado Emilio Moura, teria completado 100 anos neste mês de agosto, caso vivo fosse. Era amigo de outro grande poeta, Drummond. Chegaram a mim alguns versos dele, e um em especial me chamou a atenção: “Viver não dói. O que dói é a vida que não se vive”.
Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e vivendo mais.
Martha Medeiros Crônica “As Possibilidades Perdidas”, 2002.

A FILOSOFIA DO MESTRE YODA EM 8 FRASES: PENSAMENTOS SOBRE VIDA, RELACIONAMENTOS E SOCIEDADE

O que as ideias do Mestre Yoda têm a nos ensinar? "Muito", diriam os filósofos. É partindo dessa premissa que o artigo destaca 8 frases ditas por um dos personagens mais queridos do universo Star Wars e as analisa sob uma visão filosófica, comparando-as com os pensamentos de grandes filósofos, como Séneca, Sun Tzu, Platão e Nietzsche.

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Talvez ele seja um dos ícones mais famosos da cultura pop. Personagem carismático desde a década de 1980, Mestre Yoda (criado por George Lucas) apareceu em todos os filmes da franquia Star Wars, com exceção do primeiro filme da trilogia clássica, lançado 1977. Sua primeira aparição nas telonas foi no filmeStar Wars: O Império Contra-Ataca, de 1980.
Este pequeno Mestre Jedi, de apenas 75 centímetros de altura, liderou o Conselho Jedi durante anos. O nome de sua raça nunca foi relevado na trama de Star Wars. Mestre Yoda foi um dos membros mais importantes do alto Conselho Jedi, vindo a falecer aos 900 anos de idade.
Além de ser um exímio lutador, que combinava apurada habilidade de combate com o uso do sabre de luz (arma da Ordem dos Jedi e dos guerreiros Sith) com técnicas acrobáticas de luta, foi também um grande pensador no universo criado por George Lucas, criador de toda a saga Star Wars.
A seguir apresentaremos algumas falas do personagem que refletem sua filosofia de vida. São pensamentos interessantes que, com toda certeza, lhe farão refletir sobre sua vida, seus relacionamentos e sobre a sociedade em que vive.
(1) “May the Force be with you” (Que a Força esteja com você)
Frase emblemática que marcou o universo Star Wars. Essa “força” pode ser entendida muito mais como persistência e firmeza de caráter do que uma força física. Podemos constatar na própria trama da saga que a força de vontade foi aliada dos guerreiros Jedi em diversas situações de perigo.
Este ensinamento ultrapassa o contexto dos guerreiros Jedi. Essa força pode ser encontrada dentro de cada um de nós à medida que conhecemos a nós mesmos. O aforismo grego “conhece-te a ti mesmo” (atribuído por Platão a Sócrates) pode ser invocado neste pensamento como uma ideia de motivar o interlocutor a realizar uma busca pessoal e interior.
sun-tzu-3.jpg Sun Tzu foi um general, estrategista e filósofo chinês, mais conhecido por sua obra “A Arte da Guerra”, composta por 13 capítulos que tratam sobre estratégia militar
De fato, quando conhecemos a nós mesmos, nossos limites e potencialidades, somos capazes de feitos extraordinários. No livro A Arte da Guerra, um verdadeiro tratado de estratégia militar escrito durante o século IV a.C. por Sun Tzu, encontramos a seguinte lição:
“Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo lutará cem batalhas sem perigo de derrota. Para aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, as chances para a vitória ou para a derrota serão iguais. Aquele que não conhece nem o inimigo e nem a si próprio, será derrotado em todas as batalhas”.
(2) “Always pass on what you have learned” (Sempre passar o que você aprendeu)
A ideia de formar discípulos e compartilhar o conhecimento foi muito difundida por filósofos como Platão e Aristóteles, que criaram escolas com o intuito de propagar seus ensinamentos.
Academia Platônica foi fundada por volta de 384 em Estagira, no subúrbio de Atenas, tendo se originado, provavelmente, quando Platão herdou a propriedade aos trinta anos de idade. Já a escola de Aristóteles, a Escola Peripatética, fundada em 336 a.C no Liceu em Atenas, também na Grécia Antiga, foi um círculo filosófico que seguia os ensinamentos de seu fundador.
Peripatético significa itinerante (ou ambulante) e os peripatéticos (aqueles que passeiam) eram os discípulos de Aristóteles que caminhavam durante os ensinamentos de seu mestre, que tinha o hábito de ensinar ao ar livre. O filósofo passeava enquanto lia sob os portais do Liceu, conhecido como perípatoi.
Essa preocupação em propagar o saber foi o responsável por conhecermos os pensamentos dos filósofos do passado e representou um marco divisório da cultura humana, pois desde as pinturas rupestres da pré-História até as modernas formas de processamento de dados, percebe-se a ideia de disseminar o conhecimento adquirido por meio de experiências ou de novas maneiras de pensar e enxergar o mundo ao nosso redor.
(3) “In a dark place we find ourselves and a little more knowledge lights our way” (Em um lugar escuro nos encontramos e um pouco mais de conhecimento ilumina nosso caminho)
Mesmo “vivendo” em um universo distante do nosso, fica evidente a influência da filosofia platônica nos ensinamentos do Mestre Yoda. O Mito da Caverna, de Platão, é uma das passagens mais famosas da história da Filosofia. Faz parte do Livro VI de A República. Nesta obra, o filósofo discute temas como teoria do conhecimento, linguagem e educação na constituição do Estado ideal.
Com uma narrativa alegórica e, ao mesmo tempo, dramática, Platão conta-nos a história de prisioneiros que, desde o nascimento, encontram-se acorrentados no interior de uma caverna. A caverna possui uma pequena entrada, por onde passa pouca luz, vinda de uma fogueira. Esses prisioneiros olham somente para uma parede iluminada por essa fogueira. Do outro lado da caverna se encontram pessoas que manipulam estatuetas de homens, plantas e animais.
Como os prisioneiros não tem a mesma percepção de quem está do outro lado da caverna, imaginam que as sombras projetadas na parede são, de fato, as coisas em si. Assim, as sombras dos animais, para os prisioneiros, são os animais. Com o tempo, os prisioneiros passam a dar nomes a essa projeções pensando se tratar da realidade.
mitodacaverna2.jpg Imagem concebida a partir do texto “O Mito da Caverna”, de Platão. Será que hoje não vivemos também em nossas cavernas, vendo apenas uma realidade que nos é imposta ou é mascarada pela mídia?
O texto do Mito da Caverna é um diálogo entre Sócrates e Glauco:
“Agora imagine a nossa natureza, segundo o grau de educação que ela recebeu ou não, de acordo com o quadro que vou fazer. Imagine, pois, homens que vivem em uma morada subterrânea em forma de caverna. A entrada se abre para a luz em toda a largura da fachada. Os homens estão no interior desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo que não podem mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo que não esteja diante deles. A luz lhes vem de um fogo que queima por trás deles, ao longe, no alto. Entre os prisioneiros e o fogo, há um caminho que sobe. Imagine que esse caminho é cortado por um pequeno muro, semelhante ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem entre eles e o público, acima do qual manobram as marionetes e apresentam o espetáculo”.
No decorrer da narrativa, um dos prisioneiros consegue se libertar das correntes e contempla o mundo exterior, mas ao voltar ao interior da caverna e relatar suas experiências e seu novo modo de perceber as coisas é contrariado por seus companheiros, que, provavelmente, o mataram por ir de encontro às ideias já estabelecidas pelos habitantes da caverna.
Como conclusão, o personagem Sócrates diz:
“E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alegoria ao que dissemos anteriormente. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estada na prisão, a luz do fogo que ilumina a caverna à ação do sol. Quanto à subida e à contemplação do que há no alto, considera que se trata da ascensão da alma até o lugar inteligível, e não te enganarás sobre minha esperança, já que desejas conhecê-la”.
(4) “Powerful you have become, the dark side I sense in you” (Poderoso você se tornou, o lado escuro sinto em você)
Para o mestre Yoda, o poder nos leva para “o lado escuro”, nos corrompendo. Mas esta não é uma ideia nova. Para o historiador inglês John Emerich Edward Dalberg-Acton (1834-1902), primeiro barão Acton de Aldenham, ativo militante da causa da liberdade, “o poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus”.
john-emerich-edward-dalberg-acton-primeiro-barc3a3o-acton-de-aldenham.jpg John Emerich Edward Dalberg-Acton (1834-1902), importante historiador inglês e ativo militante da causa da liberdade
A frase atribuída a Abraham Lincoln, “se quiser pôr a prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”, também se aplica neste contexto. Parece que os ideais de liberdade e igualdade só são atingidos por meio de lutas e revoluções. Quando a totalidade do poder se concentra na mão de apenas um governante soberano, todo o povo padece.
ulysses-guimarc3a3es-polc3adtico-e-advogado-brasileiro-e-opositor-c3a0-ditadura-militar.jpg Ulysses Guimarães (1916 – 1992), político e advogado brasileiro e opositor à ditadura militar
Já segundo Ulysses Guimarães (1916 – 1992), “o poder não corrompe o homem; é o homem que corrompe o poder. O homem é o grande poluidor, da natureza, do próprio homem, do poder. Se o poder fosse corruptor, seria maldito e proscrito, o que acarretaria a anarquia”.
O que se nota é que, no decorrer da história da humanidade, o pensamento ético é inclinado de acordo com a vontade do governante ou do grupo de pessoas que governam. Nesse sentido, a ética é variável de acordo com o poder vigente na sociedade.
(5) “Many of the truths that we cling to depend on our point of view” (Muitas das verdades que temos dependem de nosso ponto de vista)
kant.jpg Immanuel Kant (1724 – 1804), filósofo prussiano, considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna
Para o filósofo Immanuel Kant (1724 – 1804), a realidade não é aquilo que realmente é, mas ela é como nós a enxergamos, como se usássemos lentes que alteram a realidade de acordo com nossas percepções.
No entanto, como conceito relativista, a verdade é sempre a verdade sob um ponto de vista. Segundo o pensamento do Mestre Yoda, nossas verdades dependem de como nós a vemos.
O problema dessa concepção relativista, que encara a realidade como algo não absoluto, é que (em uma visão extremista desta premissa) nunca saberemos qual é, de fato, a verdadeira realidade. Nesse sentido a realidade está vulnerável à interpretação de cada indivíduo.
(6) “Fear is the path to the dark side. Fear leads to anger, anger leads to hate, hate leads to suffering” (O medo é o caminho para o lado negro. O medo leva a raiva, a raiva leva ao ódio, o ódio leva ao sofrimento)
Para o filósofo Séneca (4 a.C. – 65), “uma ira desmedida acaba em loucura; por isso, evita a ira, para conservares não apenas o domínio de ti mesmo, mas também a tua própria saúde”.
seneca.jpg Lúcio Aneu Séneca (4 a.C. – 65)
A filosofia de Séneca nos ensina a ter moderação e aceitar que não temos o controle de tudo que acontece e que aceitar este fato e tentar mudar as coisas que podemos mudar é essencial para termos tranquilidade. Quanto mais cedo entendermos isso, mais cedo alcançaremos a ataraxia (tranquilidade da alma), segundo Séneca.
Ainda segundo o filósofo “a maldade bebe a maior parte do veneno que produz”.
(7) “Size matters not. Look at me. Judge me by my size, do you?”(Tamanho importa não. Olhe para mim. Você julga a mim pelo tamanho?) Novamente vemos aqui a influência do Mito da Caverna, de Platão, pois quando julgamos pela aparência, julgamos mal por não levarmos em consideração a realidade das coisas.
nietzsche-friedrich-portrait-1860.gif Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900), filósofo, crítico cultural, poeta e compositor alemão
Para Nietzsche (1844 – 1900), a realidade é a aparência e a essência é uma mentira, espécie de ilusão criada pelos homens, uma vez que é difícil encarar a constante multiplicidade e efemeridade do que é real.
Ainda que a fragilidade e a constante mudança da realidade nos atinja, o ensinamento do Mestre Yoda nos diz que devemos lançar mão de acreditar no que nossos olhos enxergam e procurarmos enxergar a essência das pessoas.
(8) “Wars not make one great”(Guerras não faz grande ninguém)
Na obra A Arte da Guerra, Sun Tzu declara que “o verdadeiro objetivo da guerra é a paz”. Ainda segundo o estrategista militar, “os guerreiros vitoriosos vencem antes de ir à guerra, ao passo que os derrotados vão à guerra e só então procuram a vitória”. Nesse sentido, o embate físico deve ser a última fase de uma guerra e não o primeiro.
paz.jpg Para Sun Tzu (autor de “A Arte da Guerra”), “o verdadeiro objetivo da guerra é a paz”
Assim, através dessas oito frases concluímos singelamente nossa análise do pensamento filosófico do Mestra Yoda, um dos personagens mais queridos do universo Star Wars. Escolhemos apenas oito frases para deixar o texto mais objetivo, porém, obviamente, diversos outros pensamentos possuem igual utilidade e podem ser adicionados a estes que relacionamos.
Para os fãs da série, essa foi nossa modesta homenagem a este incrível personagem de George Lucas. Para aqueles que não conhecem a série, esta é uma boa oportunidade para pesquisar sobre o assunto.
Esperamos ter aguçado sua curiosidade sobre o tema e…

Por Renato Collyer