Em 1982, Gil gravou "Drão" e,
musicalmente, se redimiu para muitos porque a música tem uma letra belíssima.
Mas quem danado era Drão? Apelido de alguma amante bem rústica? Um sapatão? A
própria letra da música me foi dando algumas respostas:
"Drão,
o amor da gente é como um grão,
uma semente de ilusão,
tem que morrer pra germinar,
plantar nalgum lugar,
ressuscitar no chão
nossa semeadura!
Quem poderá fazer
aquele amor morrer?
Nossa caminha dura!
Dura caminhada
pela estrada escura.
Drão,
não pense na separação,
não despedace o coração,
o verdadeiro amor é vão,
estende-se, infinito,
imenso monolito,
nossa arquitetura.
Quem poderá fazer
aquele amor morrer?
Nossa caminha dura!
Cama de tatame
pela vida afora...
Drão,
os meninos são todos sãos,
os pecados são todos meus,
Deus sabe a minha confissão,
não há o que perdoar
por isso mesmo é que há
de haver mais compaixão!
Quem poderá fazer
aquele amor morrer,
se o amor é como um grão:
morre, nasce trigo,
vive, e morre pão!
Drão".
Fui guardando as interrogações na cabeça até que há uns cinco anos fui pesquisar para esclarecer a mim mesmo a real motivação dessa música. O resultado dessa pesquisa foi surpreendente.
Na verdade, "Drão" é uma história de amor, ou melhor, de uma separação. Contando-a, eu me transformo, sem querer, em advogado do nosso ex-ministro da Cultura, para lhe salvar da burrice de gente como a minha pessoa que não entende, às vezes, um poeta tão profundo, capaz de compor “Se Eu Quiser Falar Com Deus” (Luar - 1981), a qual Elis Regina interpretou como se fosse uma evangélica norte-americana! Ou então, o “Testamento do Padre Cícero”, uma joia rara que poucos conhecem.
Vamos aos fatos. A terceira mulher de Gil se chamava Sandra, apelidada desde menina de Sandrão, depois Drão. O porquê do apelido eu não sei. Será que ela era grande e gorda? O que sei é que os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro (músico, morto em acidente), Maria e Preta, a famosa Preta Gil, a menina que se anima movida por qualquer combustível. Hoje, aos 57 anos, Sandra mora no Rio de Janeiro e ainda se lembra com carinho da canção que marcou o fim do seu casamento.
Ela costuma ouvir diariamente a "sua" música no rádio do carro. É que uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada. Eu falei em surpreendente porque no disco de 1981, Gil fez uma música chamada Flora que é o nome da sua atual mulher e que já naquela época era a sua musa, mas no disco de 1982, parece que ele teve uma recaída e ofereceu essa música (Drão) pra ex-amada. Sei não, mas tem mulher que é cega...
Foi Drão quem falou:
o amor da gente é como um grão,
uma semente de ilusão,
tem que morrer pra germinar,
plantar nalgum lugar,
ressuscitar no chão
nossa semeadura!
Quem poderá fazer
aquele amor morrer?
Nossa caminha dura!
Dura caminhada
pela estrada escura.
Drão,
não pense na separação,
não despedace o coração,
o verdadeiro amor é vão,
estende-se, infinito,
imenso monolito,
nossa arquitetura.
Quem poderá fazer
aquele amor morrer?
Nossa caminha dura!
Cama de tatame
pela vida afora...
Drão,
os meninos são todos sãos,
os pecados são todos meus,
Deus sabe a minha confissão,
não há o que perdoar
por isso mesmo é que há
de haver mais compaixão!
Quem poderá fazer
aquele amor morrer,
se o amor é como um grão:
morre, nasce trigo,
vive, e morre pão!
Drão".
Fui guardando as interrogações na cabeça até que há uns cinco anos fui pesquisar para esclarecer a mim mesmo a real motivação dessa música. O resultado dessa pesquisa foi surpreendente.
Na verdade, "Drão" é uma história de amor, ou melhor, de uma separação. Contando-a, eu me transformo, sem querer, em advogado do nosso ex-ministro da Cultura, para lhe salvar da burrice de gente como a minha pessoa que não entende, às vezes, um poeta tão profundo, capaz de compor “Se Eu Quiser Falar Com Deus” (Luar - 1981), a qual Elis Regina interpretou como se fosse uma evangélica norte-americana! Ou então, o “Testamento do Padre Cícero”, uma joia rara que poucos conhecem.
Vamos aos fatos. A terceira mulher de Gil se chamava Sandra, apelidada desde menina de Sandrão, depois Drão. O porquê do apelido eu não sei. Será que ela era grande e gorda? O que sei é que os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro (músico, morto em acidente), Maria e Preta, a famosa Preta Gil, a menina que se anima movida por qualquer combustível. Hoje, aos 57 anos, Sandra mora no Rio de Janeiro e ainda se lembra com carinho da canção que marcou o fim do seu casamento.
Ela costuma ouvir diariamente a "sua" música no rádio do carro. É que uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada. Eu falei em surpreendente porque no disco de 1981, Gil fez uma música chamada Flora que é o nome da sua atual mulher e que já naquela época era a sua musa, mas no disco de 1982, parece que ele teve uma recaída e ofereceu essa música (Drão) pra ex-amada. Sei não, mas tem mulher que é cega...
Foi Drão quem falou:
- "Nos separamos de comum acordo. O amor
tinha se transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança,
de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca
morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me
emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está
ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento
moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame.
Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil,
só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela
dificuldade em me levantar. A primeira vez em que ouvi Drão depois que Pedro,
nosso filho, morreu (num acidente de carro em 1990, aos 19 anos) foi quando me
emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho
que por causa da parte "os meninos são todos sãos". Mas é uma música
que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha,
chora muito quando ouve Drão. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve
ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor
música do Gil".
Fonte: http://www.overmundo.com.br/banco/drao-historia-que-a-musica-de-gilberto-gil-conta