Análise musical

Oh, sim, eu estou tão cansado - Fugir da opressão, fugir da ditadura militar
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você

Com minhas calças vermelhas, meu casaco de general
Cheio de anéis
– Hino de um hippie, é um hino de um pobre cansado de um festival de Woodstock, como podemos chamar um festival dos hippies caipiras aqui no Brasil década de 60.

Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro –
pode ser também uma fuga para as drogas que acontecia muito entre os hippies da época onde estes buscavam o campo, a natureza, viver em paz e amor, mas infelizmente embalado pelas drogas até que Caetano foi aproveitar essa expressão “vapor barato” na sua música fora de ordem onde falava de um menino que levava as drogas para os demais, aqui Vali Salomão usa os dois sentidos, literalmente e figurativamente eu posso dizer que essa canção remete a isso, mas o certo que predomina nessa canção o eulírico desiludido desencantado com a situação social então ele foge para pensar no amor que ele tem

Graças a Deus, e não me importa, honey
Minha honey baby...

Oh, sim, eu estou tão cansado mas não pra dizer
Que eu tô indo embora, talvez eu volte Um dia eu volto
Mas eu quero esquecê-la, eu preciso
Oh, minha grande, ah, minha pequena oh, minha grande obsessão
Oh, minha honey baby...

Ando tão à flor da pele
Que qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele  – ando tão emocionado, tão triste, tão desencantado, tão cansado que tenho que fugir, descontentamento do eulírico daquela época
Que teu olhar flor na janela me faz morrer - –
não deixa o romantismo lirismo amoroso mas retrata o seu desencanto, a voz da Gal serve para comprovar esse desencanto do eulírico, essa tristeza com aquilo que acontecia aqui entre nós, os poetas, os artistas mostravam isso em suas canções, cifradamente então aqui ele está mostrando exatamente isso que a emoção é tamanha que não me resta outra coisa a não ser fugir, e fugir num vapor barato, literalmente fugir num vapor barato seria fugir num navio barato

Ando tão à flor da pele
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele tem o fogo do juízo final
Um barco sem porto sem rumo sem vela cavalo sem sela
Um bicho solto um cão sem dono um menino um bandido
Às vezes me preservo noutras suicido

Fonte: Podcast - Análise musical - Juscelino Pernambuco

Análise musical


Analisando a letra desta linda música do grande Zé Ramalho...

Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz
Há meros devaneios tolos a me torturar
(amor pouco duradouro, amor efêmero passageiro por conta de uma mulher mais velha muito conhecida e casada. Está sofrendo do amor, ao espalhar coisas sobre um chão de giz, é que as lembranças vêem a tona, igual em um fundo de giz onde tudo fica destacável. E com certeza isso faz qualquer um se torturar);
Fotografias recortadas em jornais de folhas amiúde (amada muito famosa sempre aparecia nas colunas sociais nas manchetes de jornais freqüentemente);
Eu vou te jogar num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar num pano de guardar confetes (vou te jogar num balaio, baú onde se guarda fotografias, recortes de jornais, lembranças que não queremos esquecer);
Disparo balas de canhão é inútil, pois existe um grão vizir (enfrento tudo até com balas de canhão se possível, mas pode ser inútil pois existe entre nós alguém que impede esse amor acontecer. Nesta frase temos que entender o que é grão vizir é um guarda costa da antiguidade de um Sudão, Imperador, sendo assim, podemos entender que esta mulher estava presa a sua vida ou que era comprometida, com a vida ou com alguma pessoa importante);
Há tantas violetas velhas sem um colibri (um jovem que ama uma mulher bem mais velha)
Queria usar quem sabe uma camisa de força ou de Vênus (preciso de uma camisa de força para ficar longe de você, preciso ser amarrado para não me aproximar, mas ao mesmo tempo quero estar junto, pois já estava ficando louco por este amor que não gera frutos, no qual os dois não podem prosseguir, por não poder ser concretizada, daí se entende o porque gozar de apenas um cigarro, bem como nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom);
Mas não vão gozar de nós apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom (o amor deles tão impossível, que
dura apenas o tempo de se fumar apenas um cigarro, então não vale a pena que ela gaste o batom para beijá-lo de tão fullgás e passageiro esse amor, esse encontro amoroso dos dois);
Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez (é tão difícil, mas vou partir outra vez, vou pegar carona);
Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar (o amor dos dois é tão difícil, mas os dois sempre estarão acorrentados, ligados, presos um ao outro para toda uma vida);

Meus vinte anos de "boy, that's over, baby”, Freud explica
(amor que aconteceu entre um novo e uma pessoa bem mais velha, enfim só Freud pode explicar um amor como esse);
Não vou me sujar fumando apenas um cigarro (ele não quer mais um amor que dure tão pouco tempo, apenas o tempo de fumar um cigarro)
Nem vou lhe beijar gastando assim o meu batom (ela não quer apenas gastar um batom para um amor que de tão pouco tempo);
Quanto ao pano dos confetes já passou meu carnaval (possivelmente este amor começou num carnaval);
E isso explica porque o sexo é assunto popular (por que existe tanto amor e fica apenas no sexo e não se consolida, impossibilidade de tê-la para sempre ao lado dele)
No mais estou indo embora baby, baby (já falei tanto do nosso amor, mas ele é tão impossível musa, que estou indo embora)
Comentário de alguns leitores:
“A música fala de um relacionamento que o próprio Zé teve com a mulher de um político
e ela o usava apenas para se divertir e ele se apaixonou”.
“Esta música é uma maneira extraordinária e altamente poética e criativa de expressar a superação de um amor não correspondido de uma mulher. Um tema comum que se tornou uma da mais belas canções de todos os tempos. Parabéns grande Zé Ramalho”.
Fonte: Podcast-Análise Musical-Professor Juscelino Pernambuco

Por onde anda a minha Alma?

Como saber por onde anda a minha ALMA, se estou sempre com pressa e presa a tantos compromissos?


Somos seres que vivemos inebriados pela ação, intoxicados pelo tempo, preenchido em constante atividade, pressão, agitação…

Parar e pensar em ALMA???
Tá louco??? Onde poderia me levar momentos de passividade e quietude com tanta coisa que tenho para pensar, fazer, resolver?

Exatamente ao encontro de nossa ALMA.

O silêncio depois do barulho, a reflexão depois do movimento, a paz depois da agitação é altamente importante, vital e benéfica.
Quem de nós realiza serenamente a maioria de nossas tarefas?

 
Estamos fazendo aqui, pensando no que faremos ali, daqui há 1 hora, logo mais, o dia seguinte, a semana que vem…..
Ufa!! Quem aguenta?

 
Oprimidos pela realidade do tempo, não percebemos a vida, por debaixo da vida.
Preocupados em nos servir da autocultura intelectual desprezamos a vida contemplativa e espiritual, como se a primeira nos bastasse.

 
Sim, é claro que agrada a mentalidade materialista, que ainda vê as experiências espirituais como desperdício de tempo.
Ainda alguns relegam devotos da passividade, ao asilo da esquisitice, do embuste, da insanidade mental.

 
Pois é exatamente neste asilo da quietude que nos encontramos com a nossa verdadeira face.
Onde somos apresentados ao nosso maior companheiro de jornada. Aquele que nos dá o alimento espiritual, a paz e as respostas as nossas indagações.

 
A realidade se esquiva, em busca de uma simples posse, nas conquistas materiais, no ter, e ter e ter ainda mais, e nos distancia cada vez mais desse encontro profundo da divindade do nosso EU.

 
Somos pobres peregrinos, desperdiçando nossa preciosa existência nesta vida, perseguindo um poder que os olhos possam contemplar, e não nos damos conta que é através do que não tocamos, nem cheiramos, nem vemos ou ouvimos que se encontra a riqueza que buscamos.

 
A busca do sagrado, do profundo, do eterno…
No silêncio de nossa ALMA, bebemos o elixir da sabedoria e saboreamos o néctar da verdade da vida.

 
Acalmar o pensamento e tentar superar a tendência excessiva ao materialismo, são passos decisivos na direção de um encontro efetivo com o nosso âmago companheiro.
…é por aí que anda a nossa ALMA!!

                                                               Silvana Giudice