Proseando...


Sejamos em todos os momentos "flores"
Devemos estar abertos e permitir que a alegria se aproxime trazendo mais calor e colorido para os nossos dias. Dias estes em que nada é fácil de conquistar, batalha dura, árdua, mas que apesar de tudo não deixemos que a amargura tome conta de nós... Sejamos mais flores que espinhos, mais sorriso do que melancolia, mais ombro para consolar, mais colo para confortar... Permitamos que a positividade esteja acima do pessimismo, pois quando tudo nos parecer ser um desolo, sejamos ainda assim, verso e poesia.
Sejamos fortes, sigamos em frente, respiremos fundo, e percebamos a importância de se ter braços vazios, livres para que possamos usar como espaço em si para abraçar o mundo.
Que a cada amanhecer possamos escolher uma roupa, e também escolher o sentimento que vai vestir nosso dia. Prefiro sempre o sentimento da alegria, o de poder voltar a acreditar no outro, na pureza da relação, na certeza do calor do olhar. Ao invés de reclamar, encontrar motivos para agradecer. E, me adornar com a alegria, sem pensar em tecer a tristeza. Sejamos confetes e serpentinas.

São bastante delicados e sutis os fios da harmonia. Ao contrário da alegria, do entusiasmo, ela é uma das sensações mais discretas. Sua voz é quase imperceptível, feito outra qualidade de silêncio. Ela não é uma gargalhada. É aquele sorriso por dentro, uma sensação gostosa de estar no lugar certo, na hora adequada. Feito um arco-íris depois da tempestade, sua beleza é adornada pelo equilíbrio dentro do derramamento. É como se tivéssemos uma secreta intimidade com o mundo e certa cumplicidade com o tempo. É como se observássemos descompromissados, como se o coração batesse pelo corpo todo, em ritmos suaves, mas sem extrema euforia... Uma tranquilidade dilatada no peito, um jorrar de um vulcão adormecido, o olhar satisfeito em consonância com a mente ao mesmo tempo entendendo que já nem precisa entender o que é prosa ou poesia. O mundo inteiro cabendo num abraço respaldado na firmeza da carícia, na minha maturidade que perdeu o cansaço, e adquiriu a confiança que fez valer e preencher a minha existência, onde o tempo do dia não é mais composto por esperas, ele é vivido. Onde escrevo pinto, e, nas letras a textura de um veludo, como um encanto ao correr pela página, os olhos pudessem ser acariciados, coreografo nas ondas da energia e fraseio as paisagens em adornos. E já não sinto sede de amar, pois o amor já em mim vigora, é o afago do momento, a descoberta e poesia de uma existência... E, sem perceber tenho todas as coisas sem precisar tomar posse delas. Amo o amor, não o delírio de estar apaixonada. Paixão pra mim é limitada pela carne, necessito do ópio da levitação da alma para alçar vôo do gozo infinito da plenitude como uma espécie de fascínio pela vida. É quase uma perda de outros apetites, porque se está tão nutrido pela própria companhia. Tenho uma vontade surreal de andar pela noite: não apenas para olhar as estrelas, mas também sentir que por elas sou vista e abastecida de toda a sua energia.  
                                                     Sandra Senna

Nenhum comentário:

Postar um comentário