O vídeo de hoje: "Você não me ensinou a te esquecer" Franciele Fernanda. Isso foi há 2 anos atrás...imagina hoje...talento já na bagagem, ganhou ponto meu já de início só por ter escolhido essa música que na verdade é do Fernando Mendes e que todos pensam ser de Caetano Veloso...

Aproveito para postar uma das análises por internautas blogueiros

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Análise brega-lírica da música “Você não me ensinou a te esquecer”, que ficou bem conhecida pelo filme “Lisbela e o Prisioneiro”
Mas, vamos à música que escolhi para detalharmos, posto que é de uma complexidade lírica linda, e que é devidamente conhecida graças à Caetano Veloso, que regravou-a magnificamente.

 “Não vejo mais você faz tanto tempo/ Que vontade que eu sinto/ De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços/ É verdade, eu não minto” - aqui começa a explanação da situação, já de cara. Os primeiros versos já começam a primeira curiosidade, pois, aparentemente, o primeiro está desconectado sintaticamente do resto da estrofe, mas semanticamente está totalmente ligado. Inclusive essa falta de conexão acentua a situação de aflição do eu-lírico. Curioso também é o último verso, dessa estrofe, que chega a ser cômica, mas que acarreta uma sinceridade profunda.

 “E nesse desespero em que me vejo/ Já cheguei a tal ponto/ De me trocar diversas vezes por você/ Só pra ver se te encontro” - nessa estrofe é perfeitamente perceptível a entrega que um homem pode fazer a um sentimento. “De me trocar diversas vezes por você” é, talvez, o verso mais complexo deste poema, que abre margem para diversas interpretações, mas eu prefiro compreender como um simples delírio de saudade.
 “Você bem que podia perdoar/ E só mais uma vez me aceitar/ Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la” - já nesses versos, confesso não ver nada demais. Masimportante ressaltar os termos geralmente utilizados na fala e não tanto na escrita, como por exemplo o começo dessa estrofe. Além, também, da incrível sonoridade que há na poesia. Tudo bem que é uma música, mas não é qualquer letra que as palavras caminham em nossa mente tão maciamente.
 “Agora, que faço eu da vida sem você?/ Você não me ensinou a te esquecer/ Você só me ensinou a te querer/ E te querendo eu vou tentando te encontrar” - chegando ao refrão, percebam: não dá para cantar sem fechar os olhos! Isso se deve a carga emotiva que há nesses versos. Uma pergunta emblemática, que desarmaria a pessoa mais fria; seguido da resposta em grande estilo e que ainda retoma o verso complexo no qual o autor confunde-se com a pessoa amada para tentar encontrá-la.

 “Vou me perdendo/ Buscando em outros braços seus abraços/ Perdido no vazio de outros passos/ Do abismo em que você se retirou/ E me atirou e me deixou aqui sozinho” - no decadentismo, o narrador cai na boemia para afogar as mágoas – qualquer semelhança com o público-alvo das músicas bregas talvez seja só coincidência... Aí vem uma sequencia de pretéritos perfeitos que aceleram o ritmo dos versos e, consequentemente da música: artifício maduro e eficaz para acabar um texto em grande estilo. Encerrando com a velha e querida e eterna solidão; completou-se então, todos os elementos necessários para uma perfeita música brega!

CA Ribeiro Neto

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