Como aprender sobre si mesmo
Por onde quer que se vá, encontram-se
seres humanos com mais ou menos os mesmos problemas. Todos anseiam por um pouco
de paz, de felicidade. Em um mundo tumultuado por guerras, rivalidade e
conflitos, queremos um refúgio. Para o corpo e para a alma. Então, começamos a
buscar incessantemente. Passamos de um líder a outro, de uma organização
religiosa a outra, de um mestre a outro.
Agora, pergunto: o que realmente
desejamos? Estamos procurando felicidade ou algum tipo de satisfação que,
esperamos, nos torne felizes? Há uma diferença considerável entre os dois.
Porque talvez você possa encontrar satisfação, mas felicidade é impossível.
Felicidade é um derivado, um subproduto de algo mais difícil de nomear. Então,
antes de entregarmos a mente e o coração a algo que exija muita seriedade,
atenção, pensamento e cuidado, devemos investigar bem para descobrir o que
estamos buscando. Receio que muitos de nós estamos procurando satisfação.
Queremos encontrar uma sensação de
plenitude no final de nossa busca. Não se pode negar que, em toda essa confusão
– a maioria das pessoas está vivendo uma vida contraditória, cheia de paradoxos
–, nosso desejo comum é chegar a um sentimento permanente, eterno, que possamos
chamar de real, Deus, verdade. Algo a que possamos nos agarrar, que nos dará
segurança, uma esperança, um entusiasmo duradouro. Enfim, uma certeza, porque
em nós mesmos somos muito incertos. Não nos conhecemos. Sabemos muito sobre
fatos, pelo que os livros nos dizem, mas não sabemos dessas coisas por nós
mesmos. Não temos uma experiência direta. Então, antes de qualquer busca,
precisamos compreender aquele que busca. Antes de podermos construir, antes de
podermos transformar, condenar ou destruir, precisamos saber o que somos.
Sem conhecer a si mesmo e o próprio
modo de pensar, sem saber por que você imagina certas coisas, qual a base de
alguns condicionamentos e por que tem certas convicções, como pode
pensar verdadeiramente sobre alguma coisa?
É sábio começar a aprender sobre nós
mesmos. Parece fácil, mas é extremamente difícil e trabalhoso. Exige
paciência.
Que direção tomar, afinal?Existem divisões, conflitos, uma seita se opondo a
outra. O nosso maior problema é tomar uma decisão contínua, íntegra, que não
traga mais sofrimento a ninguém. Para seguir a nós mesmos, ver como funciona
nosso próprio pensamento, temos de estar alertas. Conforme ficamos mais
treinados a perceber a complexidade de nosso modo de pensar, das reações e dos
sentimentos, começamos a ter uma consciência mais ampla, não apenas de nós
mesmos mas também daqueles com quem nos relacionamos. Apenas quando a mente está
tranquila – por meio do autoconhecimento e não da disciplina imposta – é que a
realidade acontece, surgindo dessa tranquilidade, desse silêncio. E é só então
que pode haver bem-aventurança, que pode haver ação criativa, a experiência de
alguma coisa que não é da mente. Por essa via, tende a acontecer uma
transformação em nossos relacionamentos imediatos e, assim, no mundo em que
vivemos.”
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