Carência
e dignidade
Estamos vivendo uma fase de transição na Terra.
Valores que até ontem regiam a vida em sociedade
são colocados em dúvida.
Padrões de comportamento estão em constante
alteração.
Em um mundo onde tudo muda demais, atenua-se a
fronteira entre o correto e o incorreto.
Os freios morais tornam-se frágeis e nada mais
parece chocante.
Nesse contexto, é frequente os homens perderem seus
referenciais de valores.
Em consequência, acabam achando que tudo é válido e
que o importante é realizarem as mais delirantes fantasias.
Os maiores desatinos são cometidos na seara
afetiva, sob a singela justificativa de serem fruto de carência.
A liberdade tende a ser invocada como um valor
absoluto, que não experimenta quaisquer limites.
O problema são as consequências desse gênero de
comportamento.
Será que a ausência completa de pudor prepara dias
de paz para as criaturas?
Experiências sexuais exóticas ou relacionamentos
fugazes podem trazer algum sentimento de plenitude para os seus praticantes?
A falta de comedimento no vestir, no comer e no
viver colabora para a saúde do corpo e da alma?
Em face da aparente ausência de limites para o
comportamento humano, é conveniente recordar a sentença do apóstolo Paulo
segundo a qual tudo nos é lícito, mas nem tudo nos convém.
Ante as muitas opções que nos são ofertadas,
devemos verificar quais delas nos ajudam a atingir os nossos objetivos.
Se o mundo e seus valores não nos satisfazem e o
fruir de estranhos divertimentos nos deixa uma sensação de vazio e
insatisfação, eis um sinal a ser considerado.
Provavelmente, isso significa que já sentimos
necessidade de plenitude, autoconhecimento, saúde e paz.
Sendo assim, não importa que à nossa volta imperem
a libertinagem e a leviandade.
Somos responsáveis apenas por nossas decisões e por
gerir nosso próprio processo evolutivo.
Na verdade, o homem moderno é profundamente
carente.
Mas o fato de experimentar gozos de efêmera duração
não lhe trará felicidade efetiva.
A carência real da Humanidade é de dignidade e de
paz.
Ninguém se pacifica e dignifica instigando seus
instintos e vivendo suas mais baixas fantasias.
Tal espécie de comportamento apenas estabelece
laços com seres ainda desequilibrados.
Não banalizemos nossos carinhos e nem degrademos
nossos corpos.
Sejamos criteriosos em nossos relacionamentos, pois
as pessoas não são descartáveis.
Experiências fortuitas às vezes suscitam
expectativas que talvez não estejamos dispostos a atender.
Mas, uma vez estabelecido o vínculo, este pode se
tornar duradouro e pesado.
Afinal, ninguém brinca impunemente com a vida e os
sentimentos dos outros.
A paz pressupõe poder observar os próprios atos com
satisfação, sem remorso ou vergonha.
A dignidade é uma conquista do ser que domina a si
próprio, que desenvolve valores e hábitos nobres.
Não devemos utilizar a solidão como desculpa para
manter condutas ou relacionamentos levianos.
Esse sentimento pode ser melhor gerenciado com a
prestação de serviços aos semelhantes, a adesão a grupos de estudo, ou de
auxílio aos necessitados.
Do mesmo modo, a libido pede esforço educativo,
para não se converter em fonte de dores e doenças.
Ao falarmos em carência, reflitamos sobre o que de
fato nos falta.
Se nossa carência for de paz, plenitude de
sentimentos e bem-estar, agir de modo digno e prudente é o melhor modo de
supri-la.
Pensemos nisso.
Redação
do Momento Espírita
Em
07.12.2009.
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