Você parou para observar o que
está passando na televisão quando o seu filho a está assistindo? Ou já parou
para refletir nos motivos que levaram um novo shopping a ser erguido perto da
sua casa? Ou mesmo já se questionou sobre a real razão para a pré-escola dizer
que está preparando o seu filho para o mercado de trabalho?
Não é novidade para ninguém que
a organização da sociedade possui o formato de uma pirâmide onde os que estão
na base sustentam aqueles que estão no topo. Enquanto no topo existem poucos
lugares, na base existem muitos para serem ocupados, sendo natural que quem
esteja em cima queira manter aqueles que estão em baixo onde estão para não
perderem suas posições no topo.
Não é uma questão de maldade,
mas de pura física onde dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço,
manifestando a lei da escassez que rege a vida da maioria das
pessoas, seja aquelas que estão no topo ou na base.
Apesar de nascermos livres,
durante a construção da nossa personalidade (da infância a fase adulta) vamos
nos identificando progressivamente com essa lei e ficando cada vez mais
“parados” conforme ela se torna a realidade do nosso modo de agir.
Não importa se nossa origem é
uma família com muito ou pouco dinheiro. O que define se uma pessoa é escrava
ou não é a maneira como ela lida com o mundo: se obedecendo a lei da escassez
ou a lei da abundância.
Obedecendo a lei da escassez,
nós temos medo e culpa. Medo do desconhecido (futuro, relações ou
oportunidades) e culpa pelo passado (o que não foi feito, o que deu errado ou o
que fizeram conosco). Agimos como vítimas e sempre estamos sofrendo por algo.
Por isso precisamos atacar. Quem está em cima ataca quem está embaixo e quem
está embaixo ataca quem está em cima.
Mas o que importa para o
desenvolvimento pleno do ser humano e da humanidade não é que nossos filhos
escalem a pirâmide social, se tornem pessoas ricas habitando o topo da pirâmide
e mantenham as pessoas que estão embaixo afastadas das suas posições. O
importante é que eles se libertem dessa pirâmide e das “regras naturais”
contidas na sua estrutura.
Qual opção lhe parece a mais
adequada?
A) Quero que meu filho seja pobre e triste.
B) Quero que meu filho seja pobre e feliz.
C) Quero que meu filho seja rico e triste.
D) Quero que meu filho seja rico e feliz.
E) Quero que meu filho seja livre e, portanto, sempre feliz.
B) Quero que meu filho seja pobre e feliz.
C) Quero que meu filho seja rico e triste.
D) Quero que meu filho seja rico e feliz.
E) Quero que meu filho seja livre e, portanto, sempre feliz.
Com quatro filhos, me
ocupo bastante do pensamento sobre a criação, educação e escolarização das
crianças, pois percebo vários problemas ocorridos nestes três aspectos ao longo
da minha formação. Tive que trabalhar bastante para conseguir me libertar de
algumas crenças, medos e valores que não desejo que o filho de ninguém possua e
que me motivaram a vir aqui trazer à tona abaixo, alguns sinais de que nós
podemos estar transformando nossos filhos em escravos ao invés de pessoas
livres.
12 sinais de que você está
criando seu filho para ser escravo
1 – Você matriculou seu filho
em uma escola que o prepara para o mercado de trabalho
Ou uma que vai do maternal ao
vestibular. Não importa. Se o seu filho está matriculado em uma escola que o
prepara para o mercado de trabalho, você está preparando o seu filho para o
passado e não para o futuro, para o mundo que vai existir daqui a 20 anos
quando ele sair da escola. Você está preparando seu filho para se encaixar no
mundo e não para criar um mundo para ele.
“Só cria quem é livre”.
2 – Você leva seu filho no
shopping para passear
Shopping não é para passear.
Shopping é para comprar ou então se distrair para comprar ainda mais. O
objetivo do shopping é vender mais e por isso é tão importante para seus proprietários
agregar serviços como praças de alimentação e espaço para as crianças com
brinquedos eletrônicos e pequenos parques dentro dos seus estabelecimentos.
Quanto mais próximas dos shoppings as crianças estiverem, melhor retorno
financeiro o shopping terá no longo prazo. O impacto deste mau hábito pode
levar seu filho a sempre querer consumir para se manter feliz.
3 – Você permite que ele tenha
mais coisas que o necessário
Presentes são as distrações
do presente. Com milhares de roupas, tênis e brinquedos seu filho
começa a perceber que fica feliz sempre que recebe alguma coisa nova e molda a
sua cultura para isso. Desta forma, quando ele ficar triste novamente e não
enxergar nada de novo à sua volta, acreditará que está com esse mau humor
porque não tem nada novo para se distrair. Desde cedo eduque seu filho a
compreender que ele não depende de coisas para ser mais feliz. No dia que seu
filho fracassar e não tiver coisa alguma, se sentirá ainda mais infeliz por não
tê-las e levará ainda mais tempo para retomar seu rumo.
4 – Você acredita que ajuda seu
filho quando executa tarefas simples pra ele
Dar comida na boca, amarrar o
sapato, abotoar a camisa, dar banho, entre outras tarefas simples são coisas
que os pais estão fazendo por mais tempo pelos seus filhos. Quando eles
crescerem e estiverem adultos o mundo cobrará deles independência e disposição
para realizar tarefas fora de suas zonas de conforto se eles quiserem se
libertar. Tendo sido criado em uma redoma seu filho terá que lutar ainda mais
para conquistar as coisas que deseja.
“Só um homem livre consegue
moldar o mundo com suas próprias mãos” .
5 – Você ensina seu filho a
valorizar as coisas pelas marcas que elas carregam
Não basta comprar um caderno,
precisa ser um caderno de uma determinada marca ou com um determinado motivo
daquele desenho animado ou daquele filme que ele tanto adora. Não seja tolo.
Você está agindo justamente da forma que o dono da marca daquele filme quer que
você aja. Que tal explicar para o seu filho que o caderno sem marca nenhuma tem
a mesma utilidade que o caderno com marca e que ele pode ser até melhor em
qualidade que o outro. Ensine-o a valorizar as coisas
pelo real valor delas e não pela marca que a coisa carrega. O
significado de sucesso não é medido pela capacidade de adquirir acessórios das
marcas mais caras como se fossem badges da vida real.
“Só alguém livre consegue
enxergar o seu próprio valor e o valor das coisas que o cercam”.
6 – Você não ensina seu filho a
receber doações
Conheço pais que não admitem
que seus filhos recebam uma peça de roupa ou um tênis de uma outra criança só
porque aquilo que era recebido já tinha sido usado. Não existe coisa mais digna e
natural do que aprender a receber. Isso, inclusive é até mais
importante que aprender a dar porque para receber você precisa ser humilde e
nobre. Ensine-o a receber doações e ele se tornará livre por acreditar que o
mundo dá as coisas para ele ao invés de visualizar um mundo cheio de perigos e
apuros onde todos só pensam em tirar-lhe as coisas.
“Só alguém livre é capaz de
receber com a mesma gratidão que doa”.
7 – Você faz da alimentação por
frutas e legumes algo pontual
O natural para o ser humano é
comer frutas, legumes e verduras, enquanto refrigerantes, doces e outras
guloseimas não é natural. Estes últimos “alimentos” é que devem ser
apresentados ao seu filho como um evento pontual. Não há problema comer doces,
biscoitos e bolos uma vez ou outra se o hábito da criança for comer coisas saudáveis,
mas fazer da alimentação saudável algo esporádico é transformar o próprio filho
em colecionador de problemas de saúde no futuro.
“Um homem livre consome apenas
aquilo que for o bastante e saudável”.
8 – Você o deixa ver televisão
Assista televisão com o seu
filho durante uma hora e notará nas entrelinhas uma série de comerciais
educando-o a permanecer escravo do sistema.
Enquanto mulheres feministas brigam pelos seus direitos nas ruas, um comercial
de um brinquedo infantil, treina meninas para o consumo vendendo uma caixa
registradora que aceita cartão de crédito de brinquedo onde sua filha pode
fazer compras à vontade na lojinha da amiga. Desligue a televisão e veja o seu
filho libertar a imaginação com amigos imaginários, pistas de corrida feitas
com caixas de papelão ou simplesmente cantando a esmo dentro de casa.
9 – Você não educa seu filho
com uma medicina preventiva
Medicina preventiva é
alimentação somada ao conhecimento do próprio corpo. Além de receberem
alimentos ruins para o corpo, os pais não incentivam seus filhos a conhecerem
suas dores e seus próprios males, curando toda e qualquer perturbação com algum
medicamento invasivo que inibe o sintoma, mas não acaba com o problema. O
autoconhecimento começa pelo conhecimento do nosso próprio corpo.
“Só é realmente livre quem se
conhece profundamente” .
10 – Você incentiva que seu
filho tenha ídolos
Ter ídolos nos escraviza tanto
quanto ter algozes. Tendo ídolos, seu filho começa a competir com outras
crianças para medir se aquilo que idolatra é melhor ou pior que aquilo que os
outros idolatram, seja uma personalidade, um atleta, um time de futebol, um
músico, etc. Ele coloca todas as suas expectativas naquela pessoa, saindo de si
para querer se tornar o outro o que normalmente termina em uma grande
frustração quando ele verifica que o outro possuía as mesmas idiossincrasias
que ele.
11 – Você ensina as suas
crenças para ele
Religião, trabalho, riqueza,
modo de vida, enfim, você deposita no seu filho toda a sorte de crenças e medos
cultivadas em você tirando a capacidade dele mesmo refletir sobre o que serve e
o que não serve para ele. Você não ensina filosofia para ele e não o faz
questionar e observar que talvez você e ele estejam errados a respeito das suas
certezas. Que existem outras religiões diferentes da sua no mundo, assim como
outros tipos de trabalho, outras formas de gerar riqueza e também outras
maneiras de viver. Esclareça para o seu filho que a forma como você vive e a
maneira como você pensa é a sua maneira, mas não a mais correta. Não ate-o a
amarras que o deixem presos em qualquer área da vida. Leve-o a sua religião,
ensine-o sobre ela, mostre a forma como você trabalha e a sua maneira de gerar
riqueza. Traduza tudo isso e o seu modo de vida como apenas mais um modo de se
viver, mas fortaleça-o para que ele faça a sua própria busca, deixando claro
que irá lhe abraçar no caminho de volta pra casa.
12 – Você não coloca em prática
o que ensina para ele
E o principal e mais violento
sinal de que você está criando o seu filho para ser escravo acontece quando você demonstra para ele
que não se esforça para se libertar colocando em prática aquilo
que ensina para ele.
Você continua indo ao shopping
para passear.
Você continua vendo televisão.
Você continua torcendo para o
seu time do coração com fanatismo.
Você cultua marcas, nomes e
famosos.
Você se coloca como vítima da
vida…
Você pode ter errado em tudo,
mas não pode se dar o direito de errar em não assumir os próprios erros para
acertar. Temos que ensinar esta nobreza para os nossos filhos se quisermos que
eles se libertem desta pirâmide social na qual a maior parte da sociedade está
inserida para viver a sua própria vida da maneira que ele acredita ser a ideal.
Entendo que alguns sinais
colocados aqui afetam estruturalmente as suas crenças, mas te convido a fazer
um exame em cada uma delas para verificar porque elas realmente existem em você
e como elas podem estar moldando a vida que você tem hoje. Se você está preso,
liberte-se e leve seus filhos junto, pois se todos os pais fizerem isso,
libertaremos o mundo.
Texto de Marcos M. S. Rezende
via Insistimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário